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Resenhas de Career of Evil: J.K. Rowling é a nova rainha do crime!


Career of Evil, terceiro livro da série do detetive Cormoran Strike, será lançado dentro de 4 dias em inglês (dia 20)! O livro já está sendo resenhado por alguns sites, e trouxemos duas resenhas sobre: uma do Independent e outra do The Telegraph, que apesar de mornas, dão uma ideia do que podemos esperar em mais esse mistério que será investigado pelo Cormoran Strike.

Estes textos podem oferecer pequenos spoilers sobre o enredo principal da história, principalmente o segundo texto, do The Telegraph.

O livro já conta com uma sinopse, que você pode ler abaixo antes das resenhas para o livro. Lembrando que a Rocco já confirmou que teremos o livro por aqui, mas nenhuma data confirmada ainda.

"Quando um pacote misterioso é entregue para Robin Ellacott, ela fica horrorizada em descobrir que ele contém uma perna decepada de uma mulher.

Seu chefe, o detetive particular Cormoran Strike, fica menos surpreso mas não menos alarmado. Há quatro pessoas no seu passado que ele acha que poderiam ser responsáveis - e Strike sabe que qualquer um deles é capaz de constante e indescritível brutalidade.

Com a polícia focando em um suspeito, Strike está cada vez mais certo que ele não é o criminoso. Ele e Robin resolvem lidar com o problema e assim investigam o mundo sombrio e distorcido dos outros três homens. Mas à medida que mais atos horrendos ocorrem, o tempo está acabando para os dois...

Career of Evil é o terceiro livro da aclamada série do detetive particular Cormoran Strike e sua assistente Robin Ellacott. Um mistério extremamente inteligente com reviravoltas inesperadas em cada esquina, é também uma história emocionante de um homem e uma mulher que se encontram em encruzilhadas em suas vidas pessoais e profissionais."

Career of Evil por Robert Galbraith - resenha literária: J.K. Rowling é a nova rainha do crime

O novo romance de J.K. Rowling traz uma mudança revigorante para o gênero


"Tenha cuidado com o que diz - ela está aqui!" Essas foram as palavras sussurradas no meu ouvido na premiação do Crime Writers' Association na semana passada. Eu tinha contado aos organizados que eu tinha uma piada com Robert Galbraith quando chegou a hora de ler a lista final.

Mas com certeza o pseudônimo Galbraith (J.K. Rowling) não aparece em eventos assim? De fato ela estava lá, parecendo tanto elegante quanto ligeiramente vulnerável, e adicionando um esplendor para os processos apesar da sala estar cheia de escritores de crimes bem-sucedidos.

No evento, eu não usei a piada, mas algo extraordinário aconteceu aquela noite. A escritora de dois livros destacando não um menino bruxo, mas o detetive com uma perna Cormoran Strike ganhou a comunidade de escritores de crimes. Rapidamente se tornou evidente que Rowling tinha um genuíno e despretensioso desejo de ser membro dessa nova fraternidade que ela tinha recentemente entrado. Mas - deixando de lado as virtudes pessoais de Rowling - o quão bom são os livros do Cormoran Strike?

Escrito sob o pseudônimo, O Chamado do Cuco inicialmente não criou muito interesse em 2013, mas quando a identidade de Robert Galbraith foi revelada (contra os desejos de J.K. Rowling, nós ficamos sabendo - talvez porque seu primeiro romance adulto, Morte Súbita em 2012, teve uma resposta crítica mista, apesar das vendas formidáveis).

O primeiro romance policial, no entanto, foi rapidamente reconhecido como um vencedor, com o policial militar transformado em detetive, Strike, encontrando a verdade por trás do aparente suicídio de uma supermodelo. Aquele livro ostentou um uso vibrante dos aparatos de um romance policial, apesar das armadilhas familiares (Irritado detetive atravessado várias divisões de classes, mostrando uma força policial antiética). A segunda excursão de Strike, O Bicho-da-Seda, foi divertida, mas menos criativa - e, por causa disso, menos plausível.

Agora nós temos o terceiro do Strike e, felizmente, é tão impressionante quanto aquele primeiro livro. Depois de um início assustador na companhia de um assassino psicopata, nós vamos para o canteiro de obras que é Tottenham Court Road e o escritório de Strike.

Trabalhando para ele, Robin Ellacot está acostumada a surpresas. Mas nada tão horrível quanto um pacote que ela abre contendo uma perna decepada de mulher. Seu chefe rapidamente compila uma lista daqueles que possam ser responsáveis - quatro indivíduos (todos com caráter diferente) do seu passado, todos os quais são capazes de atos horrendos e indescritíveis - e que odeiam tudo do Strike.

A polícia tem um indivíduo na mira, mas Strike não é persuadido, e entra no mundo sinistro dos outros suspeitos.

Mas o tempo está passando e mais atrocidades vão se amontoando, com Strike e Ellacot firmemente na linha de fogo.

Escrito em uma prosa sem enfeites e não literária, Career of Evil confirma que a iniciativa após Harry Potter de Rowling está se provando muito bem vinda. Ambos Strike e Ellacott são personagens multi-dimensionais (ela está presa em um relacionamento que está morrendo), e não há contradição no prazer completo com o qual a escritora aborda o gênero.

Há muitos elementos incomuns, como a odisseia de Strike através do país, o histórico sexualmente ativo de sua mãe rockeira (e música rock é importante: o título do livro é de uma letra do Patti Smith), e até mesmo fantasias eróticas envolvendo amputados como o Strike. A nova identidade de escrita que a J.K. criou para si mesma não é apenas completamente oposta a de suas empreitadas fantásticas, mas peculiarmente diferente da maioria dos já estabelecidos colegas com os quais ela está fazendo amizade no mundo dos escritores policiais. Vamos esperar que o sarcástico Cormoran Strike esteja aqui para ficar.

Career of Evil por Robert Galbraith, resenha: "J.K. Rowling fica mais sombria" 

3/5 


J.K. Rowling gosta de invadir seus leitores gentilmente. A série Harry Potter começou leve, no geral, antes de ser transformada em uma saga de angústia que quebrou o coração dos leitores. A série policial que Rowling escreve como Robert Galbraith parece estar indo na mesma direção.

Os dois primeiros, O Chamado do Cuco e O Bicho-da-Seda, foram razoavelmente gentis, usando a forma de romance policial para dar comentários satíricos nos mundos da moda e das editoras, respectivamente. Eles relembram uma refinada era há muito desaparecida da escrita policial, na qual Margery Allingham e Dorothy L Sayers floresceram. Basicamente, o crime que deu rumo aos livros foram menos memoráveis como eles mesmos do que como ganchos pelos quais traçar a estranha relação entre o veterano do Afeganistão com apenas uma perna transformado em detetive particular, Cormoran Strike, e Robin Ellacott, a graciosa aspirante a detetive. 

Career of Evil, o terceiro na série, imediatamente anuncia a si mesmo como algo diferente. O título do livro e dos capítulos são tirados da letra de uma música da banda de rock americana Blue Öyster Cult, um sinal que o livro pretendo nos levar a lugares sombrios que Sayers e Allingham não teriam tocado com um remo. O enredo abrange pedofilia, assassinatos em série, e Transtorno de Identidade da Integridade Corporal (TIIC ou BIID, em inglês) - o transtorno mental que faz os doentes quererem amputar seus membros saudáveis.

O romance começa com Robin recebendo um pacote contendo uma perna decepada de mulher. Strike pensa que é o trabalho de alguém que ele já conheceu no passado, mas sua lista de inimigos psicopatas é muito longa para ser facilmente filtrada. Intercalado com a investigação deles estão passagens contadas da perspectiva do assassino sem nome, que está perseguindo Robin e planejando matá-la para se vingar do Strike. 

Fãs da intrépida dupla irão se chocar com o passado deles. Nós descobrimos mais sobre a morte da mãe do Strike, pela qual seu pai adotivo, um espantoso rockeiro falido chamado Jeff Whittaker, foi acusado e absolvido. Whittaker, "um ostentoso amante do perverso e do sádico", se safou com uma carreira de maldades: "Strike sabia o quão profundamente arraigado estava a crença de que o mal oculta suas perigosas preferências... Quando eles as usam como pulseiras para todos verem, a população ingênua ri, diz que é uma pose ou acha estranhamente atraente."

Mas são as revelações sobre Robin que irão chocar os leitores mais profundamente, dando uma luz no porquê ela se mantém com seu terrível esposo Matthew, cuja caracterização está se provando cada vez menos sútil. (Iria até mesmo esse tedioso contador listar "suas estimativas do salário de todos seus colegas?") Até mesmo depois de três livros, a cautelosa dança de Strike e Robin para não namorarem continua bem divertida.

Mas Galbraith teve sucesso em ir para um lugar mais sombrio? Os pensamentos internos do assassino são um pouco brega, e o romance cai muito facilmente na linguagem do melodrama ("as formas pelas quais o assassino e seus esquemas macabros poderiam ser derrubados"). É tão agradável e animador de ler quanto nunca, mas o enredo mais "realista" de Galbraith até agora é, perversamente, seu menos convincente. 


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