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Discurso de Emma Watson na ONU, em Nova York, pela campanha HeForShe














A atriz Emma Watson participou ontem (20) de um evento das Nações Unidas, em Nova York, para promover a campanha HeForShe.

Em uma cerimônia que contou com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e muitos outros líderes, Emma fez um emocionante discurso sobre a igualdade de direitos das mulheres, declarando-se feminista.

''Eu decidi que eu era feminista. Isto parecia simples pra mim. Mas as minhas pesquisas recentes têm me mostrado que feminismo tem se tornado uma palavra impopular. As mulheres estão escolhendo não se identificarem como feministas. Aparentemente, (como elas mesmas dizem) vista como muito forte, muito agressiva, anti-homens, não atrativa.''

Leia na íntegra o discurso, traduzido para o português por Clarissa S. Magalhães, e também assista ao vídeo da cerimônia, clicando em Mais informações. 

''Hoje nós estamos lançando a campanha HeForShe. Eu estou chegando a vocês porque precisamos da sua ajuda. Nós devemos tentar mobilizar o maximo de homens e garotos possível para serem defensores da mudança. Nós não queremos apenas falar sobre isso. Queremos tentar e certificar-se de que isso é tangível. Eu fui posta como Embaixadora da boa vontade pelas mulheres da UN 6 meses atrás.

Quanto mais eu falo sobre feminismo, mais eu imagino que lutar pelos direitos das mulheres tem se tornado um sinônimo para um "homem fobia", ou seja, ódio pelos homens. Se tem uma coisa que eu tenho certeza, é que isto tem que parar. Pelos registros, feminismo, por definição, é a crença de que homens e mulheres devam ter direitos e oportunidades iguais. Esta é a teoria da política, econômica e social igualdade entre os sexos. 

Quando eu tinha oito anos, fui chamada de "mandona" por que eu queria dirigir uma peça para os nossos pais. Aos 15, minhas amigas não queriam entrar em times de esportes para não parecerem masculinas. Aos 18, meus amigos não eram capazes de expressar seus sentimentos. 

Eu decidi que eu era feminista. Isto parecia simples pra mim. Mas as minhas pesquisas recentes têm me mostrado que feminismo tem se tornado uma palavra impopular. As mulheres estão escolhendo não se identificarem como feministas. Aparentemente, (como elas mesmas dizem) vista como muito forte, muito agressiva, anti-homens, não atrativa. 

Por que essa palavra se tornou impopular, afinal? Eu acho que está certo eu receber o mesmo salário que meus colegas homens. Eu acho que está certo que eu deva tomar decisões sobre o meu próprio corpo. Eu acho que está certo termos mulheres envolvidas na política e nas decisões que afetam a minha vida. Eu acho certo que, socialmente, possamos receber o mesmo respeito que os homens. 

Mas, tristemente, eu posso dizer que não existe um único país onde as mulheres possam esperar por esses direitos. Nenhum país no mundo já pode dizer que eles alcançaram a igualdade dos gêneros. Esses direitos deveriam ser considerados como direitos humanos, mas eu sou uma das sortudas. 

Minha vida é um grande privilégio porque meus pais nunca me amaram menos por eu ser uma garota. Minha escola nunca me limitou por eu ser uma garota. Essas influências são os Embaixadores da igualdade dos gêneros que me fizeram ser o que sou hoje. Eles podem não saber, mas eles são o que as feministas precisam no mundo, hoje. Nós precisamos de mais deles. 

Não é a palavra que é importante. É a ideia e a ambição por trás dela; é porque nem todas as mulheres recebem os mesmos direitos que eu tenho. Na verdade, estatisticamente, muito poucas têm. 

Em 1997, Hillary Clinton fez o famoso discurso em Pequim sobre os direitos das mulheres. Tristemente, muito do que ela queria mudar ainda existe hoje. Menos de 30% da audiência eram homens. Como podemos efetivar mudanças no mundo quando apenas metade disso é convidada a participar da conversa? 

Homens, eu gostaria de dá-los esta oportunidade para estender seu convite formal. Igualdade dos gêneros é assunto seu também. Até o momento, eu tenho visto o papel do meu pai como um pai a ser menos valorizado pela sociedade. Tenho visto homens jovens sofrendo de doenças, incapazes de pedir ajuda, temendo que isto os tornasse menos homens. Já vi homens frágeis e inseguros pelo o que constitui o sucesso masculino. Os homens não têm os benefícios da igualdade dos sexos também. 

Nós não queremos falar sobre homens sendo aprisionados pelos estereótipos de gêneros, mas eu posso ver que eles são. Quando eles forem livres, as coisas mudarão para as mulheres como uma consequência natural. Se os homens não terão que ser agressivos, as mulheres não terão que ser submissas. Se os homens não precisarem controlar, as mulheres não precisarão ser controladas. 

Ambos, homens e mulheres, deveriam sentir-se livres para serem fortes. É hora de nós todos vermos gêneros como um espectro, ao invés de dois lados de ideias opostas. Devemos parar de definir, um ao outro, pelo que não somos e começar a definirmos pelo que somos. Nós todos podemos ser libertadores e é isto que fazemos no HeForShe. É tudo pensado na liberdade. Eu quero que os homens assumam esse manto, e então suas filhas, irmãs e mães possam estar livres do preconceito, mas também para que os filhos deles tenham permissão para que sejam vulneráveis e humanos e, ao fazê-lo, sejam uma versão mais verdadeira e completa de si mesmos. 

Você pode pensar: Quem é essa garota de Harry Potter? O que ela está fazendo na UN? Eu estou me fazendo a mesma pergunta. Tudo o que eu sei é que me importo com esse problema e eu quero melhorar isso. E tendo visto o que eu vi, e dado uma chance, sinto como se fosse uma responsabilidade minha dizer alguma coisa. Edmund Burke disse que tudo o que é preciso para que as forças do mal triunfem pra sempre, é que homens e mulheres não façam nada. 

No meu nervosismo para esse discurso e no meu momento de dúvida, disse a mim mesma: Se não for eu, quem será? Se não for agora, quando será? Você tem a oportunidade aqui. Se você acredita na igualdade, eu te imploro: nós precisamos lutar por um mundo unido, mas a boa notícia é que nós temos a plataforma. Chama-se HeForShe. Eu os convido a dar o primeiro passo, para então serem vistos, e perguntados a si mesmos: Se não for eu, quem será? Se não for agora, quando será? Muito obrigado.''

VÍDEOS: Parte 1 e Parte 2.
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Hiago Freitas

Criador do site (um dia foi newsposter), é escritor de textos espiritualistas outro blog. Também escreveu ''J.K. Rowling - A biografia [não autorizada] da escritora inglesa que revolucionou a literatura infantil'' e ''A Última Mensagem