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Draco Malfoy, vida ou biografia medíocre?

Recentemente o site Pottermore lançou a biografia de Draco Malfoy que, diga-se de passagem, foi menos atraente que tirar pontos da Grifinória.



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A escritora se baseia totalmente na inveja que Draco sente por Harry Potter e passa boa parte do texto com comparações entre um e outro. Isso me remete ao que ela fazia nos livros, que, embora tenham sido escritos em terceira pessoa, não foge dos acontecimentos em torno de Potter e sua jornada para vencer o Lorde das Trevas.

Draco é o típico garoto criado com os valores tradicionais de sua família, porém não os entende e acaba seguindo-os pela confiança e amor à sua família, fazendo de tudo para orgulhá-los e parecer melhor do que Harry Potter. Ele aparece como um garoto mimado que quer disputar a atenção e consideração dos demais, partindo da ideia de que o seu status social já deveria garanti-las, enquanto Potter, embora mimado e irritantemente insolente como tal, consegue isso sem fazer esforço algum.

Fica claro, através do texto, que as vestes que Draco passa a usar em seu sexto ano são referências de que ele assumiu a função de chefiar sua família na ausência do pai, preso em Azkaban. Além disso, Draco tenta tomar as rédias da situação, mesmo não estando preparado para isso, o que torna-se evidente pela série de erros e fracassos que ele comete, aceitando a proposta de Lorde Voldemort, numa tentativa de resgatar o prestígio que a família Malfoy uma vez possuiu.

Ao que parece, Rowling tem dificuldade de se desvincular de Harry e o tem como referência para qualquer acontecimento, obviamente porque este é o personagem principal, embora ela também pudesse explorar um pouco mais os personagens. Essa oportunidade pode ser observada no texto biográfico de Umbridge, que aparece na saga já adulta e seu envolvimento com Harry é pontual. Assim, Rowling não parece ter muito o que escrever sobre a personagem por dois motivos (especulações): mesmo que tenha desenvolvido a vida dos personagens fora da história, ela não foi muito longe, focando-se apenas no que interessava para a saga; seria muito extenuante ler toda a biografia de um personagem secundário, ainda mais em um site altamente interativo (para aqueles que tem muita paciência).

A escritora trabalha o personagem apenas criando uma visão dele sobre os acontecimentos e temores que ocorrem na época. Como Draco passa por Hogwarts no mesmo período que Harry, havia mais história pra contar, mas nada que fuja muito do que é apresentado nos livros, exceto pelo fato de que ele e sua esposa, Astoria, adquiriram uma percepção mais tolerante da sociedade bruxa e, assim, criaram seu filho Scorpius seguindo seus próprios valores.

O que muitos ansiaram e não foram contemplados é o destino da vida de Draco pós-Hogwarts. O enfoque é apenas na vida que ele leva com Astoria em relação às suas famílias, mas detalhes mais ricos não aparecem.

Os comentários de J. K. Rowling sobre o Draco são deveras interessantes, principalmente a dúvida que ela teve em escolher o sobrenome - aliás, acerou em cheio, pois os outros eram feios - e a sua capacidade de oclumência, que sobressalta à de Harry (uma das poucas coisas que ele o supera sem fazer tanto esforço) e que é uma característica compartilhada por mim, Severus Snape. Rowling também destaca os simbolismos: o nome Draco, referente à constelação de Dragão e o núcleo de sua varinha, unicórnio, sugerindo que por mais dura que a pele de dragão seja, seu âmago pode ser alcançado.

A história de Draco é uma clara percepção de que nem tudo está perdido, e a dúvida que fica é se sua vida foi medíocre, se a biografia foi escrita às pressas ou se aconteceu uma miscelânea das duas alternativas. Passar bem.

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As opiniões expressas neste texto são de Carlos Ferreira.