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Leia a nossa tradução do segundo conto referente à Magia na América do Norte, revelado por J.K. Rowling!

O Pottermore publicou hoje, 09 de março, o segundo conto da série "Magia na América do Norte". Nele, a autora nos concedeu informações valiosas sobre o impacto da vinda dos imigrantes europeus para a América, os Purgantes, a criação do MACUSA (Congresso Internacional de Magia Norte-americana) e os julgamentos de Salém. Uma tradução oficial foi postada pelo próprio Pottermore, mas devido à reclamações, decidimos fazer a nossa própria. Você pode conferi-la a seguir.

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Do século XVII em diante 


Por J.K. Rowling 



Na medida em que Não-Majs europeus começaram a imigrar para o Novo Mundo, bruxos e bruxas de mesma origem também vieram se estabelecer na América. Assim como seus companheiros Não-Majs, eles tinham razões variadas para deixar sua terra natal. Alguns eram movidos pelo senso de aventura, mas muitos estavam se refugiando: ora da perseguição de Não-Majs, ora de um colega bruxo(a) ou até mesmo de autoridades bruxas. Esses queriam misturar-se aos Não-Majs, que se multiplicavam na região, ou esconder-se entre a comunidade bruxa nativa norte-americana, que costumava acolher e proteger seus "irmãos" europeus. 



No início, porém, era evidente que o Novo Mundo seria um ambiente mais hostil para bruxos e bruxas do que fora o Velho Mundo. Havia três razões principais para isso. 



Em primeiro lugar, assim como seus companheiros Não-Majs, eles haviam chegado em uma região que oferecia poucos recursos, com exceção daqueles que eles mesmos produziam. De volta à seu país de origem, eles só precisavam visitar o boticário para encontrar os materiais necessários para suas poções: agora, tiveram que lidar com plantas até então desconhecidas. Não havia fabricantes de varinhas já estabelecidos e Ilvermorny, a Escola de Magia e Bruxaria da América do Norte, que um dia figuraria como um dos melhores estabelecimentos mágicos do mundo, era na época apenas uma cabana irregular que contava com dois professores e dois alunos.



Em segundo lugar, as ações dos imigrantes Não-Majs fizeram com que a comunidade não-mágica local parecesse encantadora diante da população bruxa nativa. Além dos conflitos já existentes entre os imigrantes e a população nativa norte-americana - que acabaram com a unidade da comunidade mágica - suas crenças religiosas tornaram-nos profundamente intolerantes a qualquer traço de magia. Os Puritanos não perdiam a oportunidade de acusá-los acerca de "atividades ocultas", mesmo sem evidências concretas e bruxos e bruxas do Novo Mundo tinham razão de serem sempre extremamente cautelosos com eles. 



A última - e provavelmente mais perigosa - adversidade encontrada por bruxos recém-chegados na América do Norte, eram os Purgantes. Como a comunidade bruxa da América era pequena, reservada e secreta, eles não haviam criado nenhum mecanismo de aplicação de leis até o momento. Isso acabou criando uma vácuo que fora preenchido por um grupo inescrupuloso de bruxos mercenários, de nacionalidades distintas, que formaram uma Força-tarefa temida e brutal, determinada a caçar não apenas criminosos conhecidos, mas qualquer indivíduo que pudesse gerar-lhes algum lucro. Na medida em que o tempo passava, os Purgantes tornavam-se cada vez mais corruptos. Afastando-se da jurisdição vigente nos governos mágicos de seus países de origem, muitos demonstraram ter satisfação pela autoridade e pela crueldade, o que não condizia com sua proposta inicial. Eles se divertiam com a tortura e o derramamento de sangue e foram ainda mais longe, com o tráfico de seus colegas bruxos. Os Purgantes multiplicaram-se pela América no fim do século XVII e há evidências de que eles condenaram até mesmo Não-Majs inocentes como se fossem bruxos, com o intuito de ganhar recompensas de membros ingênuos não-mágicos da comunidade. 



Os famosos julgamentos das bruxas de Salém, ocorridos em 1692-93, foram uma tragédia para a comunidade mágica. Historiadores bruxos afirmam que, dentre os chamados "juízes Puritanos", havia pelo menos dois Purgantes conhecidos, que pagavam por uma rivalidade criada por eles mesmos em solo americano. Grande parte dos mortos eram de fato bruxos, embora inocentes dos crimes pelos quais haviam sido presos. Outros eram meramente Não-Majs, que tiveram a infelicidade de serem apanhados em meio à histeria geral e a sede de sangue. 



Salém fora importante para a comunidade mágica por razões que vão muito além da trágica perda de vidas. Sua consequência imediata foi fazer com que muitos bruxos e bruxas fugissem da América e outros se recusassem a ir para lá. Isso produziu variações interessantes na população norte-americana, se comparada à européia, asiática e africana. Até as primeiras décadas do século XX, havia menos bruxos e bruxas na América do que nos outros continentes. As família de puro-sangue, que mantinham-se bem informadas sobre as atividade dos Purgantes e dos Puritanos através dos jornais bruxos, evitavam ir para a América. Isso significou um aumento no percentual de bruxos nascidos Não-Majs no Novo Mundo, maior do que em qualquer outro lugar. Embora muitos desses bruxos e bruxas tenham se casado e construído uma família inteiramente mágica, a ideologia de "puro-sangue", que se fazia presenta na história da magia da Europa, não ganhara força na América. 



Talvez o efeito mais significante dos julgamentos de Salém tenha sido a criação do Congresso de Magia dos Estados Unidos da América, em 1693, precedendo a versão Não-Maj por cerca de um século. Conhecido por bruxos americanos pela sigla MACUSA (em inglês, Magical Congress of the United States of America), era a primeira vez que a comunidade bruxa norte-americana juntava-se para criar leis próprias, estabelecendo efetivamente um mundo-mágico-dentro-de-um-mundo-não-mágico, já existente em outros países. A primeira tarefa do MACUSA era levar os Purgantes - que haviam traído seus iguais - a julgamento. Aqueles que foram condenados por assassinato, tráfico de bruxos, tortura e qualquer outra crueldade, foram executados por seus crimes. 



Grande parte dos Purgantes mais notórios conseguiram escapar da justiça. Com mandados internacionais de prisão, eles desapareceram ao fundir-se à comunidade Não-Maj. Alguns deles casaram-se com Não-Majs e constituíram famílias nas quais as crianças dotadas de poderes mágicos eram depreciadas em favor daquelas que não os possuíam, para manter o disfarce dos Purgantes. Vingativos e separados de seu povo, eles transmitiram aos seus descendentes a convicção absoluta de que magia era real e a crença que bruxos e bruxas deveriam ser exterminados, onde quer que fossem encontrados. 



O historiador bruxo americano, Teófilo Abbot, identificara muitas dessas famílias, dotadas de uma fé absoluta em magia e também de um ódio profundo por ela. Acredita-se que, devido às crenças e atividades antimagia dos descendentes das famílias de Purgantes, os Não-majs norte-americanos não são enganados e ludibriados facilmente se comparados a outras populações. Isso acaba gerando consequências significativas na maneira com que a comunidade bruxa da América é governada.

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