Por Carlos Ferreira (veja nota ao final do texto). O terceiro filme da franquia Animais Fantásticos tem estreia no dia 14 de abril e reuniu uma sala de fãs e veículos de imprensa no último dia 29. Com todos os acontecimentos polêmicos envolvendo a roteirista J.K Rowling e o ex-Grindelwald, Johnny Depp, a distribuidora do filme (Warner) resolveu fazer uma sessão para esquentar os ânimos e reconquistar bilheterias. Como não poderia ser diferente, o Brasil não ficou de fora (das sessões e do filme).
Eu confesso que é um pouco estranho ver o Mads Mikkelsen como
Gerardo Grindelwald no começo, mas, depois de uns minutos, parece que ele
esteve ali o tempo todo, desde o primeiro filme. Uma das habilidades da
roteirista é entregar personagens fáceis de serem interpretados para artistas capazes
de fazê-lo, ou seja, não seria uma dificuldade para Mads fazer tão bem ou
melhor que Depp, até porque não se trata de um vilão muito complexo.
Mads Mikkelsen como Gerardo Grindelwald |
Assim como eu disse lá em 2016, quando o primeiro
filme saiu, não era o Eddie Redmayne que fazia o diferencial do Newt, mas o
próprio Newt, digo o mesmo agora para o personagem Grindelwald. É claro que já não
conseguimos mais enxergar o Newt sendo interpretado por outro ator, porque
incorporamos no Eddie a essência do personagem. Contudo, no caso de Grindelwald, não
podemos dizer o mesmo.
Afinal, em uma série que acontece em um período entre
guerras, trazer um vilão que se assemelha visualmente com um grande ditador
alemão com objetivos eugenistas tem um grande apelo emocional. E isso faz com que odiemos ainda mais
Grindelwald, inclusive, porque Os segredos de Dumbledore traz uma obscuridade que não
era esperada até então.
Grindelwald é minucioso e ardiloso em seu plano, e mostra que
não tem escrúpulos para conseguir o que quer, o que não é algo muito aparente na
história do mundo mágico, quando o comparamos a Voldemort, já que nesse filme as cenas violentas são mais explícitas.
Enquanto Voldemort tinha apenas o desejo da vida eterna e tomou como seu inimigo
o bruxo que, segundo a profecia, iria impedi-lo disso, os desejos de Grindelwald
são mais ambiciosos: o bem maior, com os trouxas no lugar em que merecem
ocupar. E isso faz com que Grindelwald seja um vilão melhor que Voldemort,
ainda mais com a aparência de Mads.
Mas deixando Grindelwald um pouco de lado, vamos falar de
segredos. Os de Dumbledore, no caso. Se um dia Rita Skeeter soube de toda a
verdade, ela pegou foi o bonde andando, porque tem uma bomba que vai estourar a
qualquer momento, e essa bomba se chama Credence, ou melhor, Aurelio
Dumbledore. Como a própria Rita deixou
isso passar em 'A vida e as mentiras de Alvo Dumbledore'? Bom, esse é um pequeno furo de roteiro, ou obsessão da personagem, que focou no
Dumbledore errado.
Jude Law como Alvo Dumbledore |
O segredo de Dumbledore é apenas um, e o filme demora muito
tempo para chegar nessa parte. Esse é um ponto difícil de acompanhar, porque apesar
do título, existe uma lentidão ao trazer o assunto, como quando o Malfoy tenta
descobrir um jeito de trazer comensais da morte para Hogwarts. De fato, o
aspecto sombrio do filme pode ser comparado ao de Enigma do Príncipe, que traz
um ar mais carregado e lento.
Toda essa lentidão fica, a meu ver, com dois propósitos: o
primeiro, de não entregar todo o filme e abrir um espaço para um quarto lançamento
na franquia, que era a intenção inicial, mas que foi esfriada por conta das
polêmicas e da baixa expectativa dos fãs; o segundo é que, caso a bilheteria
não alcance o esperado, a franquia pode encerrar no terceiro longa, com um
final aberto e deixando possibilidades no imaginário dos fãs.
Terceiro filme da franquia de Animais Fantásticos traz novos personagens. |
O roteiro deixa alguns furos, além do já dito, como um feitiço usado que a gente pensava ter sido criado mais de quatro décadas depois, mas nada muito grave. O que fica muito nítido é a tentativa de sensibilizar os fãs e promover uma diversidade forçada, a qual percebemos que está ali apenas por interesse comercial. Nesse momento, alguns vão dizer: “Ué, mas os fãs pediram” e a minha resposta é: por que só agora? As tentativas de higienizar a franquia das manchas deixadas pelas polêmicas externas ao filme levaram a isso. A gente amou a diversidade? Com certeza, mas o clickbait foi pesado.
E por falar em clickbait, não espere muito do Brasil no filme. A participação de Maria Fernanda Cândido como Vicência Santos está tão breve quanto a que aparece no trailer. Ela tem presença e um impacto muito forte, moção do público, mas, também, é usada como isca para os fãs brasileiros. Inclusive, eu não imagino que ela terá falas complexas ou participações em um filme da sequência – se houver.
Vale destacar que isso não é uma
característica negativa, pois, ver uma atriz brasileira em uma franquia como Animais
Fantásticos é incrível e a atriz merece destaque e felicitações por isso, mas
sua personagem poderia ter tido um papel mais ativo do que simplesmente
mobilizar o público por apelo.
Maria Fernanda Cândido como Vicência Santos |
Com ou sem bilheteria, o que posso dizer é que houve um
destaque para os efeitos especiais. O trabalho visual está impecável e mostra o
avanço que foi do primeiro filme até o atual, sem ser insuficiente em momento algum.
Outro ponto que merece destaque, mas que não é novidade, é o trabalho dos
designers Miraphora Mina e Eduardo Lima, do Estúdio MinaLima, que sempre
montaram os detalhes visuais do mundo mágico.
O filme conta com muitas cenas de alívio cômico,
principalmente relacionadas ao Newt e Jacob, como já é sabido. Os roteiristas
tiveram boas sacadas ao introduzir pequenos alívios cômicos em momentos
importantes, um resquício de que a Rowling não perdeu o jeitinho dela. Apesar disso,
uma personagem que fez falta foi Tina Goldstein, que apresentou uma
justificativa por sua tímida aparição no filme, mas que não foi tão boa quanto
podia. Fica a dúvida se a atriz tinha outros compromissos ou se houveram outros
impedimentos a ela.
Alvo Dumbledore (Jude Law), Newt Scamander (Eddie Redmayne) e Gerardo Grindelwald (Mads Mikkelsen). |
Dito isso, cabe-nos esperar o lançamento oficial, no dia 14
de abril, e sabermos o que os índices dirão sobre o filme. Animais Fantásticos: Os segredos de Dumbledore está muito bem representado por este terceiro filme,
mesmo que seja o último de sua franquia. Apesar disso, tudo indica que vem pelo
menos mais uma tentativa por aí.
E você, o que espera do filme? Responda-nos aqui nos comentários, lá no Twitter ou em nossa página no Instagram!
Carlos Ferreira assistiu ao terceiro filme de Animais Fantásticos em 29 de março de 2022, em nome da Equipe OPD. Ele é professor e mestre na área de educação; produz conteúdos para sites especializados de entretenimento, e acompanha as notícias e novidades do Mundo Mágico desde 2010. Está sempre online em suas páginas no Instagram (@carlorento) e Twitter (@carlorentx).
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