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J.K. Rowling comenta sobre Cursed Child, novos livros infantis e adultos, Cormoran Strike e muito mais!


Mais uma entrevista com a J.K. Rowling saiu hoje! Um segmento de meia hora foi dedicado para a entrevista com a autora no programaSimon Mayo Drivetime, da BBC Radio 2. Os apresentadores inclusive relataram que é a primeira vez que há uma multidão do lado de fora da gravação, e tudo por causa da J.K.. 

Nessa entrevista, a Jo comentou que não tem um final para a série do Cormoran Strike ainda, podendo escrever dez livros ou mais, disse que ainda pretende escrever sob o nome de J.K. Rowling e tem planos para vários romances adultos e livros infantis. Além de mencionar que está muito ocupada escrevendo o roteiro de Animais Fantásticos! Leia abaixo esses trechos citados anteriormente e logo depois um resumo de toda entrevista.

Vamos começar pela parte mais animadora (que ficou no final da entrevista). 

Ela comentou que teve a ideia para a série do Cormoran antes mesmo de ter terminado a série Harry Potter e que escreveu O Chamado do Cuco ao mesmo tempo que escreveu Morte Súbita.

"O acordo era... Eu disse que mesmo se fosse descoberta, eu tinha tudo arrumado para manter escondido por um certo tempo, que o Robert não faria publicidade no estilo J.K. Bem, eu estou aqui e me divertindo bastante, mas eu disse que queria a carreira de escritor do Robert fosse menos sobre a propaganda exagerada (hype) e as coisas promocionais, porque eu fiz tantas dessas coisas com Harry Potter. Eu sou muito agradecida com o que aconteceu com a série, realmente, mas a verdade é que eu sou o tipo de escritora que quer ficar sozinha em um quarto escrevendo na maior parte do tempo. Com o Robert há a sensação de que é mais sobre a escrita, apesar das pessoas saberem que sou eu." 

Ela também comentou sobre Harry Potter and the Cursed Child: "É muito animador. Eu sempre disse que não diria 'nunca' porque havia coisas na minha cabeça sobre o que aconteceu dezenove anos depois. Eu pessoalmente não tinha nenhum desejo particular de escrever sobre esta história em forma de livro por razões que acho que ficarão claras quando as pessoas verem a peça. Apenas irei dizer que essa peça nunca teria acontecido se essa equipe em particular não tivesse vindo até mim, porque eles são extraordinários e eu acho que juntos nós iremos criar uma experiência fantástica para o público. Mas foram as pessoas, eu não procurei por isso, eles me encontraram."

Sobre escrever como J.K. Rowling novamente, ela comentou: "Definitivamente, eu tenho planos para escrever como J.K. Rowling de novo. Eu não irei te dar uma data certa porque estou bem ocupada. Estive escrevendo também um roteiro para Animais Fantásticos e Onde Habitam, o que tem sido bem divertido. Então, estou muito ocupada, mas definitivamente escreverei mais romances como J.K. Rowling. Romances no plural, eu tenho muitas ideias. Eu também tenho ideias para um livro infantil. Na verdade, eu já escrevi parte de um livro infantil que realmente amo, então definitivamente vou finalizá-lo. Portanto, terá outro livro infantil. E eu tenho ideias para outros romances adultos."

Quantas histórias você tem na sua mente no momento?

"Várias. Algumas vezes me preocupo que irei morrer antes de escrever todas essas ideias. Essa é a minha crise de meia idade: que eu deixe essa Terra sem ter escrito todas elas."

Você tem algum outro pseudônimo?

"Não, não, eu genuinamente acho que ter mais do que um é uma brincadeira tola. Eu não tenho a energia. Eu queria que o Robert tivesse durado mais porque foi bem divertido, mas..."

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Hoje, mais cedo, a escritora também deu uma entrevista para o NPR, que já traduzimos e você pode ler por aqui.

Enfim, leia a seguir nossa tradução e resumo da entrevista dela para a BBC Radio 2.

Entrevistador: É a primeira vez que a 2 Book Club tem uma enorme nuvem de pessoas do lado de fora e isso tudo é porque a nossa escolha pro clube do livro é "Career of Evil" de Robert Galbraith que na verdade é J. K. Rowling. Olá Rowling, como você está?
J. K.: Estou bem, obrigada e você?
Entrevistador: Estou bem, obrigado.

Entrevistador: Nossa escolha passada pro clube do livro foi "City on Fire" do Garth Risk Hallberg e você viu quão grande é aquilo e ele disse, no programa, que escreveu daquele jeito por sua causa.
J. K.: Eu peço desculpas. (Risada.)
Entrevistador: Ele cresceu lendo seus livros e tinha que escrever algo do mesmo tamanho, então a sua influência está em toda parte.
J.K.: Eu estou muito honrada. De verdade, honrada.
Entrevistador: Eu gostaria que você falasse um pouco sobre o título do seu livro, "Career of Evil", porque esse é o lugar pra falar sobre o título.
J. K.: Esse é mesmo o lugar pra falar sobre o título.
Entrevistador: Você pode explicar o título?
J. K.: Eu nunca planejei colocar as letras de música ao longo de todo o livro. Eu sempre planejo bem mais do que preciso para uma personagem. Então, eu conhecia a mãe do meu detetive era uma grupie e, lá atrás,  antes de eu terminar o primeiro romance, eu sabia que a paixão da vida dela era  Blue Öyster Cult. Eles tinham a reputação de ter essa vida incrível.

J.K.: E quando eu sentei pra editar esse livro, olhando no catálogo, foi um completo presente tantas letras se aplicarem ao meu objetivo.
Entrevistador: Quando eu parei para ouvir a música que deu título ao seu livro, pensei "é uma música muito desagradável".
J. K.: Realmente, é uma música desagradável, é sem batida. Um presente.
Entrevistador: Então, esse é um romance da série "Cormoran Strike", é o seu detetive, então só pra explicar quem ele é, onde ele está. Explique Cormoran Strike, o que ele é e o porquê de ser.
J. K.: Então, Strike é um veterano de guerra e eu conheci pessoalmente alguns veteranos de guerra. Meu amigo mais antigo, na verdade é um veterano e eu estava de fato interessada no que acontece quando alguém deixa a carreira militar e vai para todo tipo de coisa. Alguns viram detetives particulares ou seguranças. Foi daí que veio a ideia.

J. K.: Ele teve uma vida peculiar na infância, uma vida interiorana, se mudando bastante, então ele foge para as forças armadas, efetivamente. Então acaba sendo explodido, aí se torna um detetive surpreendente, muito inteligente e meio que marcado pelas coisas que aconteceram com ele. Metaforicamente marcado.
Entrevistador: E nessa história, assim que se lê o primeiro capítulo, se pode dizer que é um livro obscuro.
J. K.: É realmente o mais obscuro da coleção. Esse foi o único livro que eu escrevi na vida que literalmente me deu pesadelos. Não foi tanto pelo processo de escrever o livro, mas porque eu fiz muita pesquisa. Li muitos relatórios da polícia sobre serial killers e alguns dos pensamentos que passam pela cabeça dos meus serial killers fictícios, foram tirados do histórico de serial killers reais de sanatórios. Pensar que existem pessoas que fizeram aquele tipo de coisa de verdade, é algo que te faz pensar.

Entrevistador: Você afirmou nos agradecimentos que nunca gostou tanto de escrever um livro quanto esse, pode explicar isso melhor?
J. K.: Eu acho que nunca me diverti escrevendo um romance tanto assim. Eu defini para mim mesma um desafio de certa dificuldade para esse livro. O campo dos suspeitos é muito limitado. É difícil sair dele e manter o suspense e, claramente, eu também queria mergulhar dentro da cabeça do assassino, sem, obviamente, revelar quem era. Então isso foi realmente um desafio e eu o adorei. Mas também há uma história maior acontecendo nessa série sobre as relações do Strike e sua assistente que se torna mais e mais importante. Robin é uma mulher e eu realmente me diverti escrevendo a relação deles. É quase algo platônico, não por ser incorrespondido, mas porque eles não fazem nada sobre o que sentem.

Entrevistador: Você é uma fã do Stephen King?

J. K.: Sim, eu definitivamente sou uma fã do Stephen King.

Logo depois a Jo comentou sobre a necessidade de dar todas as informações ao leitor: "Você precisa dar ao leitor todas as informações que ele precisa para solucionar o crime, e essa é a habilidade necessária. Se assegurar que o leitor olhe para trás e pense 'mas é claro, a, b, c, d, e, se eu tivesse seguido todas essas dicas'. Elas precisam estar lá e serem claras. E eu adoro a criação disso, eu realmente amo o planejamento para isso. E claro, é necessário fazer personagens prazerosos."

Entrevistador: No passado você planejou sete. Para quantos vocês planejou essa série?

"O que é legal nos livros do Strike é que eu não tenho um ponto de finalização em vista. eu não sou tão prescritiva quanto fui com os livros da série Harry Potter. Eu poderia provavelmente chegar até dez, ou mais, eu não sei. Eu tenho um certo número de tramas. Eu acho que o que os limitará no final é a relação entre Robin e Strike. Essa é o fio ao redor do qual as tramas se enrolam. E eu acho que quando chegar ao ponto que eu não goste mais de escrever sobre eles, será provavelmente a hora em que Robert irá parar de escrever a série. Mas eu não estou nem perto disso ainda.

Sobre o tema "fama" nos livros, ela comentou: "Bem, quando eu estava escrevendo esses livros no início, ninguém sabia que Robert Galbraith era, na verdade, uma pessoa famosa. Foi uma máscara estranha. O que eu gosto de explorar com Strike... Ele não é autobiográfico. Ele não sou eu. Quando os livros começam ele não é conhecido, mas agora ele está ficando famoso. Eu gosto de olhar para conclusões que as pessoas fazem sobre você, sobre sua família, porque eles acham que sabem parte da sua história. [,..] As pessoas acham que sabem muito de você e podem estar certas ou erradas, mas o pressuposto está lá. Foi libertador para o relativamente curto tempo que eu tive antes de ser desmascarada ser capaz de explorar isso através do Strike."

Entrevistador: Você gostaria de ter ficado anônima por mais tempo?

"Em termos de Robert? Sim, definitivamente. Olhando para trás, provavelmente foi pouco realista, mas eu queria por três livros me manter assim. Eu sabia que se os livros fossem bem-sucedidos, a chance de eu manter o segredo diminuiria. As pessoas começariam a perguntar por que esse cara nunca dá entrevistas. Eu não sabia disso, mas foi um pouco prematuro, fiquei um pouco desapontada sim."

Sobre Londres e porque ela escolhe a cidade para suas história: "Bem, eu amo Londres, e uma das atrações para mim dessa série foi que eu faria muita pesquisa na cidade. Eu adoro fazer isso. Eu também devo muito a meu marido. Há lugares que eu obviamente não posso ir, então ele dá uma olhada por mim."

Entrevistador: Apenas mais uma pergunta sobre sua casa: vocês nos agradecimentos menciona e agradece seus filhos em momentos que o "inseto" da escrita está particularmente ativo.

"Eles são apenas incríveis. Bem, eu sou muito, muito boa em pegar meu laptop e colocar sobre meus joelhos enquanto passam desenhos ao fundo e crianças estão falando comigo. Eu apenas falo 'só dois minutinhos' e escrevo duas frases que eu acabei de pensar e então volto a conversar com elas. Elas são tão tolerantes quanto a isso. É como se eu tivesse apenas um pequeno problema e tivesse que resolver rapidamente e então estou de volta à sala como uma mãe."

Tradução: Blanca Capuzzo e Gabriel Pimentel

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