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Pottermore: Saiba mais sobre as tendências na década de 20, época na qual Animais Fantásticos e Onde Habitam se passa!


O Pottermore fez um texto especial analisando a moda na década de 1920, quando Animais Fantásticos e Onde Habitam se passa. Recentemente, a Correspondente do site conversou com a Colleen Atwood, figurinista do filme, sobre as roupas das irmãs Goldstein, você pode ler a entrevista clicando aqui. Abaixo você pode ler a tradução do texto que analisa a moda daquela época.

Tradução: Clarissa Magalhães e Gabriel Pimentel

Melindrosa, calças largas e cardigãs: se vestindo na década de 1920


Nós ouvimos Coleen Atwood falar sobre por quê ela fez algumas das escolhas para o figurino de Tina e Queennie Goldstein, mas o que mais sabemos a respeito do estilo de roupas dos anos 1920?

No começo do século XX, as mulheres eram amarradas de modo apertado em espartilhos e saias que roçavam nos pés, o cabelo delas arrumados elegantemente em coques e suas elegantes golas protegidas por empertigados colares de camafeu - um visual criado para sugerir sobriedade e decência.


Os homens vestiam ternos pesados, cartolas e austeros paletós com cauda - mudando várias vezes ao dia, de acordo com a etiqueta, e sempre cobrindo os trajes com gravatas de seda.

Por volta de 1920, depois da Primeira Guerra Mundial, as mulheres americanas não apenas tinham garantido o voto, elas agora estavam experimentando vestir calças fora das urnas.

Enquanto isso, os homens tinham começado a vestir shorts, flertar com sapatos de cores brilhantes e gravatas borboletas. A euforia do pós-guerra desencadeou um novo espírito de frivolidade, e atos corajosos tomaram a nação e os guarda-roupas. As mulheres cortaram seus cabelos curtos, em formato channel, e então ostentaram belos chapéus cloche [como o que você vê na imagem abaixo e na que está no início da postagem], apenas para verem-as usando. Elas adquiriram fabulosos casacos de pele, para mantê-las confortáveis enquanto viajavam nos carros recentemente fabricados.

Alice Terry, atriz de filme americanos, em 1924 dirigindo para o set do filme "The Great Divide"



A guerra havia ofuscado as distinções de classes, e agora era um caso de jovens contra os mais velhos, ao invés de ricos versus pobres, com um novo estilo moderno projetada quase expressamente para gerar desaprovação da velha guarda. Na Oxford University, os estudantes homens ficaram tão aborrecidos quando foram proibidos de vestir calças curtas folgadas nos joelhos [chamadas de knickerbockers em inglês, você pode ver algumas clicando aqui] no campus, que eles começaram a ostentar calças extravagantemente volumosas só por vingança. - iniciando uma tendência transatlântica de usar as "Oxford baggies" [calças largas de Oxford, em tradução literal, você pode ver algumas por aqui] - passos desleixados dados no espírito da rebelião.

Sim, homens jovens estavam se soltando, e escolhendo suas vestimentas, muito como ocorre hoje, a partir do estilo de esportistas. "Mais-quatros" (assim como as "mais-seis" e "mais-oitos" - o número denota a quantidade de polegadas que a bainha de calça caía abaixo do joelho) eram roubadas dos trajes de golfe, e suéteres tricotados eram surrupiados do armário dos jogadores de críquete.


Um grupo de jovens cavalheiros garbosos nas corridas de cavalo, 1926




Esportista de destaque tornaram-se admirados por seu estilo fora do campo também - Red Grange, um superstar jogador de futebol americano, conseguiu fazer longos sobretudos de pelo de guaxinim e camelo virarem moda quando ele os usou.

Enquanto isso, uma mulher pode tomar crédito por grande parte da evolução no estilo delas durante a década, que continua a ditar como mulheres modernas se vestem hoje em dia. Coco Chanel abriu uma butique consideravelmente à frente de seu tempo em 1921 em Paris - até esse momento, roupas para mulheres eram feitas sob encomenda, ao invés de compradas, e vendidas em conjuntos descontraídos e de meninos - calças, camisas de marinheiro, artigos de malha. O estilo de Coco de Garçonne (melindrosa em português) foi adotado pelas jovens rebeldes nos Estados Unidos.

Chanel, cujos designs eram rapidamente copiados por toda parte da sociedade preocupada com a moda, liberou as mulheres da restrição de se vestir de forma arrumada e formal - "luxúria deve ser confortável" ela disse. "Senão não é luxúria." Então na próxima vez que você usar um moletom esportivo, você pode dizer que está evocando Chanel.

Na nova escola do feminino indecente, os cós de cintura alta acabaram, foram abaixados para o quadril, que é cheio de movimento. Colares balançavam por serem longos e folgados, e os ombros eram aquecidos por uma nova criação pioneira - o cardigã - inventado por outro designer francês, Jean Patou, inspirado nas roupas de malha militares. E em 1926, Chanel tinha dado às mulheres do mundo todo o presente que é o LBD - o vestido curto preto [você pode ver um modelo antigo clicando aqui e alguns novos clicando aqui] que é sempre a coisa certa a se vestir, qualquer que seja a ocasião. Merci!

Quando não estavam se vestindo como meninos, as mulheres estavam se divertindo bastante com suas roupas. O estilo melindrosa [O nome em inglês é "flapper", que pode, numa tradução literal, ser algo que se agita, ou se move], que chegou para definir o estilo da década, foi chamado assim por que o corte frouxo nos vestidos fazia com que eles se afastassem atrevidamente do busto e permitia a quem os usava bater os calcanhares para dançar o novo, cintilante e veloz jazz que compôs a trilha sonora daquela era. Além disso, permitia também dançar o Charleston, que era moda nos bares clandestinos por toda a América.

A descoberta da tumba de Tutancâmon em 1922 deu início a uma grande moda egípcia, com ornamentos encrustados com pedras preciosas, padrões em formato de V e broches de escaravelhos dando aos vestidos de baile um brilho extra. As bainhas subiram do tornozelo para os joelhos - o que significava um novo foco em meias compridas de seda. Com as panturrilhas agora sendo completamente exibidas, não tinha como se safar se você usasse meias de baixa qualidade.

Assim que as mulheres começaram a cuidar de seus broches recentemente expostos, os homens estavam experimentando com seus próprios repertórios de meias - a bainha das calças agora era usada um pouco acima do tornozelo, ou elas eram trocadas por um par de calças curtas [chamadas de "pluses" (mais) em inglês, em referência às calças citadas anteriormente, as "mais-quatro", "mais-seis" e "mais-oito", onde o número denota a quantidade de polegadas que a bainha de calça cai abaixo do joelho], permitindo que as meias cuidadosamente escolhidas em um tom claro fossem rapidamente exibidas, assim como as de malha, que tinham um elegante padrão de diamantes, que eram exibidas quando eles estavam dançando.

Se a própria moda havia se torna um pouco laissez-faire, todo tempo salvo colocando a roupa, agora era dirigido um pouco mais para cima, graças a Hollywood. Até os anos 20, maquiagem era exclusiva das "mulheres da noite". Agora as meninas queriam se parecer com as requintadas mulheres-fatais inventadas nas telas, como Greta Garbo, Joan Crawford e Clara Bow - cujos famosos lábios arqueados de Cupido foram obtidos através do primeiro batom especialmente modelado por Helena Rubenstein. Mulheres por toda a América começaram a desafiar a convenção e a usar batom e blush - estranhamente, o último era usado também nos joelhos, assim como nas bochechas.

Clara Bow



A moda está constantemente evoluindo, mas é difícil pensar em uma década que viu tanta revolução em estilo em um período tão curto de tempo - em apenas de 10 anos, o elegante deixou de ser se vestir como os austeros Rainha Vitória e Alberto para usar cortes channel, batons e casacos de guaxinim. Então, cavalheiros, se vocês estão lendo isto enquanto usam uma meia escarlate ou, talvez, um sobretudo longo coberto de pelos; mulheres, se vocês largaram um corpete para usar um cardigã, e se seu cabelo tem um corte acima da cintura, saibam que vocês têm que agradecer às pessoas travessas e aventureiras que usaram essas novas modas na década de 1920 por suas roupas.

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